29/10/2013

Desilusão

 Eu queria tá aqui dizendo versos bonitos, rimas perfeitas. Mas eu perdi meu amor e acabei por me perder junto. É tão difícil dizer pra si que tudo tá tão solto, que agora não tem porque e com quem caminhar de mãos dadas. Essa minha visão romântica da vida fugiu. Eu to tentando encontrá-la no seu cobertor, na minha foto na cabeceira ou escavando meu coração. E quanto mais cavo, a pontada se agrava. É ruim desistir. Eu não fui feita pra dizer não. Mas que opção eu teria?
 Desiludi. Não sei se pra sempre. Mas as últimas horas tem sido assim. Desilusão. O choro soluça, o corpo reprime. Porque é tão difícil o amor e suas peças? Eu tava indo bem no meu papel, tava tudo lindo. Porque é que agora tudo parece o drama mais triste de todos os tempos? Porque a gente não pode apagar a distância, juntar os corpos? Teu cheiro me foge da mente e eu me perco sem ele. Teu abraço me deixou com o corpo solto e me desmancho sem ele. Tua ausência me deixou sem forças e eu enlouqueci.
 Desiludi. Eu to explodindo, a dor de cabeça parece ser pequena pra o aperto no coração... Eu queria te ter envolvido em mim, a gente se misturando. Eu queria ter que procurar minha parte em tu, tua parte em mim. Eu queria me encontrar nessa bagunça. Como faz pra dá o primeiro passo e encarar esse mundo que tá se mostrando mais cinza a cada segundo? Como eu posso colorir de novo minha vida sem ti?
 Eu quero nunca mais amar. Nunca mais amor. Isso é possível?

19/09/2013

Nosso amor

 Eu sonhei e foi revigorante. Aquilo que a gente só pode encontrar nos sonhos... Daí eu te encontrei. Você falou algo engraçado e eu sorri. Você não entendeu o meu sorriso e sorriu junto. Daqui a pouco estávamos na cama sorrindo tanto um do outro, como sempre. Por que esse sorriso me falta agora? Eu estou tateando no escuro e não o encontro. Acho que subiu poeira demais, talvez tenha atingido nosso humor. É que eu só quero retomar ele de novo.
 É como quando dá uma tontura e você quer voltar novamente ao normal. É como se estivesse tonta, andando por aí cambaleando de dor. Mas não deve ser assim. Porque você é leve, sempre me trouxe leveza. Eu devo estar num pesadelo agora, até pouco nos meus sonhos você sorria. Eu devo retomar o sonho agora, eu devo dormir. Você pode cantar uma canção? Você pode me envolver em seus braços? Você pode esperar eu acordar? Não, não vá antes que eu retome nosso humor. Meu dia começa e termina com o nosso humor. Com o nosso amor.

14/05/2013

Medo

 Não sei o que ando sentindo... Talvez medo. Bom, é certo que ele sempre me acompanhou, só acho que agora anda mais próximo. Anda se encostando e querendo me habitar. Não, eu não o dei permissão, porém até ele tem liberdade. Essa liberdade às vezes suja, que a gente quer hora ou outra esquecer. Liberdade soa forte e é forte. Só penso que ela exagera  me dizendo que eu posso ser feliz quando estão largando minha mão, e eu vejo esse alguém indo embora com sua sombra. Só penso que ela exagera quando diz que eu posso ser feliz mesmo parte de mim estando triste demais.
 Meu corpo me diz e eu não quero escutar. Ele está me avisando que o céu vai fechar e vem tempestade das grandes por aí... E sim, os trovões. Eu tenho medo dos trovões e dessa liberdade fajuta, que pro mundo a gente toma banho de chuva mas quando dá o primeiro estrondo, nos encolhemos no quarto. Eu tenho medo de chorar também, porque doi. Não doi como um soco no estômago, é uma dor diferente. Não sei se esse diferente é pior ou melhor. É algo intocável, irremediável. E lá vem aquela conversa besta de tempo... Pois é, o tempo também me dá medo. As coisas mudam muito com o tempo.
 Eu, hoje, posso dizer com toda certeza, que o tempo me mudou. Não me arrependo. E é disso que tenho medo. De que não se arrependam de soltar minha mão e ela fique em vão, solta. Solta não tem nada a ver com liberdade, tem a ver com solidão. Ando solta por aí, ando me perguntando tanto. Eu poderei me responder??? Sim, tenho medo das consequentes respostas. O silêncio perturba quando você espera (nem que seja um balançar da cabeça), mas a resposta desconhecida amedronta.
 O amor me amedronta. Eu já cai em armadilhas e acho que é isso que o meu corpo quer dizer, cair doi. Amar doi. Arriscar-se é um misto de prazer e dor. Hoje está sendo mais dor do que prazer. E é exatamente isso que meu corpo quer dizer. Que eu sou fraca, frágil e posso sofrer mais. Marcar minha pele com mais cicatrizes dessas quedas bruscas. E ando tremendo de medo. Esse frio imaginável me faz perder os sentidos, vejo minha mão solta, avulsa.. Irá segurá-la? Não sei, talvez esteja ouvindo esse alguém me dizer algo que ainda não tenho certeza do que é. Devo estar perto de dormir, devo estar dormindo.
 O que irá me dizer quando eu acordar? Talvez soletrar algo como "vai ficar tudo bem, vai dar tudo certo". Um beijo? O beijo é a única coisa que não me dá medo. É minha salvação. Saudade me dá medo, saudade do beijo me dá muito medo. E eu não sei se vou acordar e vê-lo ao meu lado. Talvez eu acorde muito tarde, mania minha de ter preguiça. Porém não quero perder seu rosto de vista, tenho medo disso. Você indo enquanto minha mão tenta resgatá-lo...
Amor é forte, amar é fraco.

28/04/2013

Amor é forte, amar é fraco

Pensar na distância faz o coração chorar, antecipa a saudade.
Amor é forte
Amar é fraco

Não sei se me acostumo logo, acalmo a minha alma. Ou se deixo pra depois...
Tanto faz, a dor vai chegar. Já chegou, só falta acomodar-se.
Amar é fraco, muito fraco
Neste momento o amor não está pondo sua força na mesa.

Meu caminho terá de seguir, meus próprios pés, solitários. Eu solitária.
Porque eu não consigo imaginar um sorriso nisso?
A minha boca esboça por engano.
Amar é fraco
Amor está tentando ser forte. Torço por ele...

Eu tento dizer, eu quero dizer. Eu consigo?
Você foi meu descanso, meu encontro.
Ver-te indo já já, é levar parte de mim
Que talvez demore a voltar. Talvez não volte do mesmo jeito
Volta um dia?
Amor é forte sim
Mas amar é tão frágil, tão exposto, tão perigoso

E eu nem imagino tanta coisa sem você
Mas há de ser sem você.
A vida é mesmo muito irônica e boa parte, cruel
O amor, lá vai... tentando ser forte
O amar, coitado, já nem pensa mais nisso.


"Esqueço que amar é quase uma dor..."

31/01/2013

Trilha

O piscar dos olhos em um milésimo de segundo visto bem lentamente. Fazendo o caminho inverso do suor saindo dos poros. A mão acariciando a nuca, bagunçando os cabelos, fazendo cócegas e risos incontroláveis - extremamente espontâneos. Um beijo que parecia conhecer somente ali o ato de beijar - antes o que era? Uma caminhada de pés descalços na areia molhada, na areia fofa... Uma caminhada na grama verde. O cruzar dos dedos, em um movimento leve, sutil. O sono carregado de estrelas quando se cruza com o  outro (teu) sono. O desabrochar de um sorriso, o surgimento de uma fragilidade - que lindo e intrínseco são as fragilidades humanas. O tempo que passa, carregando momentos e deixando lembranças. A saudade do que já se viveu e também do que ainda irá viver. A saudade! A espera pelo dia seguinte, o próximo segundo, um abraço. A chama que se acende e não há vontade alguma de apagar. O fogo que toma conta e queima quilômetros dentro do desejo. A distração do sentir, que vez ou outra solta risadas descuidadas. A fala baixinha no ouvido, que pede a maior proximidade possível. O frio que pede aconchego. A descoberta que não se cansa de desvendar os labirintos e cria outros e outros e nunca cessa. A trilha que se segue...