07/03/2012

Construção

Acompanhava as batidas do relógio fielmente, e vez por outra me perdia num sonho. Era madrugada, o galo já cantara e o vento gelado percorria o quarto. O relógio não se cansava, ele nunca se cansa. Ele não dorme e nem acorda: nos orienta. Imaginei a vida assim, bem longe... E fui caminhando. Descobrindo lembranças perdidas, esquecidas e repreendidas. Lugares nostálgicos, movimentos repetidos, pessoas permanentes e também passageiras. Enxerguei quem realmente ficou e o porque de muitas irem. Me analisei. Passo a passo. Pé após pé. Foi assim que o coração me ensinou. E foi por ele que eu fui caminhando. E foi nele que eu entrei e me descobri. E me reinventei. E sempre me reinventarei quando for preciso menos realidade pura e ácida, quando for necessário mais sonhos bons. Me reinventarei a cada vez que me perder caminhando por aí, tentando encontrar soluções e desvendar mistérios ou quando precisar responder as minhas perguntas que sempre ficaram em branco - sempre ficarão. Me reinventarei a cada vez que a solidão sentar ao meu lado, a cada vez que o sono chegar mais próximo e mais próximo e mais próximo e me sentir longe, bem longe. É quando me sentir longe - de mim mesma - que reinventarei.
Amanheceu.