onde acabará?

 Quando eu parei de pensar com o coração, muito ainda ardia aqui dentro, mas eu precisava sentir desse fogo. Contraditório até, mas foi nesse fogo que eu me reconstruí. Pena que durou só o tempo em que todas as memórias me relembraram que essa saudade incessante ainda continuava aqui, e custou gastá-la. Eu precisava de uma dose de amor virada ao avesso, como quem suplica a odiar.

 Olhar só para si, pode não ser egoísmo às vezes.

A saudade bate na porta, querendo te ver.

 Acreditei no fim, que talvez tivesse destruído [com toda minha força]. É que de repente vem uns fleches e me vejo sem você. Talvez eu que quis assim, talvez. Talvez seja melhor assim. Talvez o brilho se perdeu entre as cinzas do que ficou... Talvez nunca houve brilho, e nada foi apagado. Talvez, você nunca esteve perto, mas muito longe... Longe de mim. E hoje, só sinto falta do que eu quis que fosse meu, e por não ter conseguido sinto vontade de ter - como algo que tenha perdido, sem nem mesmo ser conquistado.

Vou gritar, até perder a voz. Correr, até me sentir sem pernas. Vou sentir até que não caiba mais no peito. Até que não o exista. Vou tá aqui, quando a tempestade vier, e vou permanecer da mesma forma, quando o sol voltar. Vou chorar de alegria, e sorrir de tristeza. Vou me arrepender, e fazer a mesma coisa. Porque só tentando que consegue, e só amando que vive. Vou morrer de viver...

mas quando se está muito ferida, qualquer toque dói.

eu prefiro o bater das asas de se cansar, até conseguir voar... 

do que continuar sem usufruir da possibilidade por medo de cair.

mas eu ainda hei de aprender; quando as coisas vão bem demais, há sempre algo que te derrube.
e você vai sempre se levantar, como uma preparação pro próximo baque.

você veio

Chega, como quem não quer nada: devagarinho.
Meio silencioso, tímido até. Se senta... Se esquenta.
E depois não há mais como não querer, é inevitável.
Se pede, se empolga, não se evita.
Inconscientemente, se deseja.
E quando percebe, é ele... o amor; que está bem ao seu lado.

se seja

Mergulhe em si mesmo.


Se afogue, se encha; transborde.
Se descubra, se enxergue, se aceite.
Se seja, sempre.


Se canse de si mesmo, se reinvente.
Se inove, se mude, se erga.
Mas se seja, sempre.

O meu peito clama por um vício
Algo que entorpeça
Que esqueça.
Que me levante / derrube
Que zombe.
Algo que me traga alegria
Que me tome
Que me queime.
Algo que me acabe / comece
Que deteriorize-me.