07/08/2021

Queda livre V

Essa metáfora do amor como um pulo do penhasco só me levou ao chão. E eu julgando ser coragem, sempre subindo novamente ao topo, cada vez mais cansada. Me entregando para o amor. Eu não sei em que lugar eu me encontro. Eu nem sei se me serve mais essa coisa de se jogar, sem abrir os olhos. Voar me interessa, voar é meu destino. Mas ir em busca do amor a outra pessoa, não sei mais se faz sentido. Acho que usei a palavra coragem no lugar de anulação. Me jogar do penhasco com toda adrenalina, parece ser mais uma forma de esquecer da dor de ser eu. E de também encontrar a delícia. Pular representa a espera de ser salva? Deve ser por isso que sempre fui ao chão. Dura realidade, nestes estrondos que julguei serem voos, compreender que era uma forma de me engaiolar. Sofrido me deparar com a verdade de que jamais alguém me salvará. Não sei em que parte eu me encontro. No pulo, no chão, no topo. Eu sei que me acaricio cada vez menos com esse vento e não me parece ele o faro para o amor. Voar é meu destino, essa é a minha viagem. Não em busca de alguém, mas sim, de mim mesma.