17/04/2024

no centro de mim

há vida na retaguarda da depressão. começo a perceber as pessoas, me perceber nas pessoas, começo a me perceber como pessoa. o rapaz que trabalha no centro da cidade lavando carro as sete horas liga o samba nas alturas na caixa de som e dança. eu acho a alegria dele contagiante. me emociona. penso que posso encontrar essa alegria em mim também e logo encontro. sorrio. no final da manhã uma senhora conversa comigo na parada de ônibus falando que juventude é a melhor fase, onde não há problemas. e que depois do casamento vem as contas e obrigações. discordo e sorrio. é bom saber que embora não tenha sido assim comigo, vale a pena não ter aceitado a promessa do casamento como salvação. aqui na minha cidade o céu fica cinza e azul com muita facilidade. definitivamente sou parahybana. não me chame para outro lugar. e agora que voltei consigo entender melhor essa instabilidade climática. tenho aprendido a abrir o céu depois de uns anos com o clima muito cinza. sorrio para a lagoa e penso que estou no caminho certo, no lugar certo, no corpo certo, no centro de mim e com fartos desejos aqui dentro. na retaguarda da depressão, há muito o que fazer comigo mesma. sou grata por não desistir de buscar o sorriso. modéstia à parte, acho o meu muito bonito. :)