19/01/2020

Homofobia

é difícil usar essa palavra
porque exige reconhecer a podridão do mundo
e que ela me atinge como uma tsunami

quem ousa repudiar o feio
para construir o novo, o belo
- e não há maior beleza do que a liberdade -
se espanta e se desmorona
quando encara as prisões
que pela pequeneza dos seres humanos
nos imputam

é difícil verbalizar, escrever, reconhecer
essa palavra
nas teias da vida

estou presa

desejam cortar minhas asas
mal sabem que eu
e as pessoas
foram e são feitas
para voar

ela não vai me manter no chão
daqui observo o céu
o bem está lá

não vou esmorecer

tenho a força e a coragem para construir saídas
que me levarão a serenidade
de ser quem eu sou
e amar conforme meu coração pulsa

11/01/2020

Dia de lua cheia

Esse ano que passou aprendi a ser só. Ainda estou a entender o que foi solitude e o que foi solidão, mas cada vez mais firme na consciência de que enquanto condição existencial me ponho no lugar de descobrir essa potência. Não mais lamentar...

Foi o que me colocou em um nível extremo de encontrar o amor próprio que julguei já ter muito... Que engano! Ele tem mais a ver com se entender neste mundo, se permitir ao medo, ao choro, a insegurança, entender que o sofrimento é passagem, do que se enxergar bela, interessante e autossuficiente.
Esse ano chega com a sensação para mim, enquanto boa geminiana, de que a construção do ser só vai me permitir compartilhar as experiências com maior maturidade e poder de decisão. Não estou mais sendo levada pela onda do mar, estou agora nadando com destino em mente. Se meu percurso vai ser alcançado, aí já dizem dos mistérios de viver...

Enxergo quem sou, quem me tornei, o que desejo ser e aonde quero chegar. O tempo é meu grande amigo.