25/04/2012

Antiga dor

 Eu venho lhes contar sobre uma dor, antiga – e que pode voltar a qualquer momento. A temo, me tremo em pensar, o coração se retrai, as pernas estremecem e os olhos... Fecham-se num soluço. Mas é preciso falar, se não engasgo e acabo por engoli-la: o que seria mortal. Talvez conheçam bem, talvez já tenham esbarrado em alguma rua, e para os sortudos e felizardos: talvez nunca a encontrem. E para mim, infelizmente, já provei do seu amargo. Muito! E sem hesitação, é de causar enjoo.
 Eu sei dos riscos, sou consciente de meu medo e também que, tudo é aprendizado. Quase tudo é passageiro. E raro é a palavra “sempre”.  Sei que como abrem a porta, podem também fechá-la. Que o amor brota, assim também como murcha. Como uma flor. E que o que realmente importa, é seu tempo de vida. Depois... Depois a dor antiga da qual falo toma o lugar e aflora. No chão infértil e desabitado, na terra sem produtividade, no deserto dos desiludidos é onde ela aparece. Indomável!
 Não importa quanto tente, nade contra a correnteza ou invente suas distrações hipócritas. Não adianta! Nada adianta! Ela vai tomando forma, se enraizando, crescendo, se nutrindo da pouca chuva e finalmente, te domina. Você, de mãos atadas. De coração estilhaçado. De olhos inchados. De corpo dormente. Sem alma. Sem rumo. Sem alicerce. Sem direção. Sem o que pôs a semente dessa tal dor, dessa tal flor – maldita. E eu sei, quem a planta é quem me mata pouco a pouco todos os dias. Assim como quem me reconstruiu um dia.
 Sei que passa, mas a cada semente posta, a vulnerabilidade aumenta. A força um dia acaba ou isso tudo é para fazê-la crescer?

Um comentário:

  1. Me fez pensar. Certamente é para deixar o solo mais fértil. Crescer...
    Desejo que aprenda com as flores murchas e que venham novas flores e novas sementes. Desejo que tudo desabroche e que essas plantas possam ser bem regadas.
    Cuidando do solo com carinho, sementes boas serão plantadas. Que venha a alegria de uma primavera perene!

    Belo texto. : )

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