06/04/2020

Vigésimo dia

O mundo doente, distanciamento social, um momento inédito na história da humanidade e eu sigo contando os dias. Porque um a mais significa um a menos e porque quando eu penso que ao cruzar o portão vou poder te encontrar, me parece menos sofrido encarar os dias imensuráveis. Planejo momentos como se ainda fosse possível planejar...

Fazendo presença no sonho, entrando em contato disfarçadamente, falhando em letras de músicas, errando em te registrar nas palavras, me enganando em te cravar na mente, traçando planos impossíveis para te ver, dispondo de energia e tempo para te manter comigo, prossigo contando os dias...

Essa é a natureza doentia da paixão, essa a é essência do que me causas... Sem chão, sem proteção, ainda mais desequilibrada. Avalio os riscos, sei que estou entregue então de que adianta se já apostei todas as fichas? Descubro que os riscos se ampliam se não disponho mais de fichas, no entanto me mantenho contando os dias...

Apostei nessa montanha russa de viver apaixonada, quantas descidas e subidas nesse curto período! Vou te encontrando ou te colocando no meio dos meus dias cheios de mesmice, porque é assim que meu coração dispara. Anunciando que todos os riscos estão no meu colo, que eu estou ciente e, conscientemente, ignorando todos. E que permanecerei a contar os dias...

Doente estou eu.

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