13/07/2020

Notas pandêmicas V

Amar é viver eternidades. É esquecer-se da morte. Ou aceitá-la. É ver a infinitude do horizonte e ainda assim, caber-se dentro dela. Amar é como ter sucessivas epifanias. Faz parecer ter descoberto o sentido da vida mesmo sabendo que é uma grande incógnita. É encontrar casa ainda que a energia humana esteja por toda parte. É pertencer sem possuir. É dar sem entregar. Amar sempre será compartilhar. Expandir. Repercutir. Ao amar aqui eu amo acolá. Ao amar nesta cidade eu amo em outro país. É assim que funciona a natureza. Amar é natureza. É de nossa natureza. Ao amar esquece da distância, da feição, do tempo, ao amar viajamos para a essência, pousamos no íntimo, nos aproximamos do instinto. Amar é dar beleza a essa matéria viva pensante, que se perde achando que há outro caminho senão esse - amar. Ao amar, parecemos seres luminosos exclusivos e eternos. Esquecemos da morte ou a aceitamos como dádiva. Porque ao amar, a dimensão de passado, presente e futuro parece uma linha semelhante ao horizonte, infinita, em que nos equilibramos, e cair não amedronta, porque temos um oceano inteiro.

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