19/08/2020

Balança

    De canto de olho eu observo, como quem finge nem ouvir a conversa, mas atenta escuta cada detalhe. É como se estivesse chegando em um lugar desconhecido e o instinto aconselha observar as saídas para possíveis perigos, na verdade eu já esquematizei todas as estratégias. Ora despretensiosa, como quem está atrás de uma boa fofoca, ora em alerta, como espera uma catástrofe. Ou como quem já sabe da catástrofe? Não sei... Não sei se sei ou se quero fingir não saber.
    Mas de olhos bem abertos, mirando, encantada, eu me jogo numa deliciosa conversa daquelas de perder de vista ano, dia, pandemia. Ou então me pego solta em um lugar sem nenhuma proteção, mas completamente estasiada a ponto de me sentir em casa. Assim não tem ora isso ora aquilo, essa sou eu apaixonada, deslizando na felicidade, planejando antes de dormir, construindo pontes, devaneando os passos seguintes, sorrindo tão boba, que faz até parecer as coisas terem sentido...
    Ela pende para que lado?

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